(imagem retirada da internet)
Na ânsia eu espero
Pela tua passagem
no parque
Onde teimas em
demorar.
Não sei o que hoje
te atrasou,
Mas há muito que
passa da hora
A que me acostumei
a esperar.
Teimavas em passar
sem parar,
Mas hoje decidiste
ser diferente
E quiseste saber o
porquê de eu estar sempre ali.
Pediste para te
sentar ao meu lado,
Riste nervosa e
perguntaste
Se nos conhecíamos.
Respondo, mais uma vez, que sim.
Ficas intrigada mas
permaneces sentada.
Olhas-me nos olhos à
procura de onde e quando…
Finalmente sorris
pois lembras-te de tudo.
Com o tempo ela te
atacou
E eu nada pude
fazer
Além de ser
paciente e contar-te vezes sem conta o mesmo.
Meu amor,
Olho para ti como
sempre olhei
E tu correspondes
sempre que te lembras.
Dos momentos que
passamos juntos
Ao longo destes
setenta anos
Sem nunca ter
deixado que nada nos separasse.
Perguntas no final
porque não te lembras de tudo.
Eu, carinhosamente,
Explico-te pegando
na tua mão.
Levo-te de novo
para o teu quarto
Onde sei que és bem
tratada e amada
E onde te posso visitar
sempre que posso.
Sei que amanha já
não te recordarás
Da nossa vida em
conjunto.
A doença é cada vez mais
forte.
Mas não deixo de
pensar que
Um dia tudo acabará
E tu saberás tudo
sem nunca mais esquecer.
Vou a caminho do
meu quarto
E preparo-me para
ir descansar
E é aí que decido
ficar junto a ti
Nessa que sinto ser
a primeira noite
Em que o meu
coração aceita
A nova viagem que
há muito me espera.
Desejo que me
acompanhes
Para não estares
só, quando chegada a tua hora
E peço perdão por
tal pensamento egoísta.
Deito-me ao teu
lado
E tu dás-me a mão…
Sorrimos e fechamos
os olhos
Prontos para a nova
etapa da nossa vida.
Maryline Morais